A tecnologia digital não apenas revolucionou a sociedade, mas também a maneira como podemos entendê-la. Parte crescente da interação humana está gerando um tipo de “impressão digital” massiva que nos permite obter um conhecimento sem precedentes sobre o que é a 'humanidade' e como ela funciona, incluindo suas intrincadas redes sociais que há muito eram obscuras. A inteligência artificial nos permite detectar padrões ocultos em "dados qualitativos", por meio de ferramentas analíticas, como o processamento de linguagem natural. Além disso, simulações feitas em computador nos permitem explorar situações que não existem na realidade: um mundo melhor. Tradicionalmente, as políticas públicas eram baseadas em estudos sociais que explicavam 10-20% da variabilidade de um fenômeno. Muitos deles falharam miseravelmente, o que foi evidenciado pela chamada "crise de replicação" nas humanidades, psicologia e ciências econômicas e sociais. Nos últimos cinco anos, o comportamento humano foi previsto com 80-90% de precisão. Os estudos sociais e as chamadas humanidades estão se tornando uma ciência da verdade. Quais são as consequências e os desafios resultantes desse fato e quais são as responsabilidades das Universidades que enfrentam essa realidade?
Martin Hilbert
Professor at the University of California, Davis