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Enzo Capone: "Os avanços na tecnologia devem ter como objetivo simplificar o acesso aos serviços existentes"

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Conversamos com o Chefe da Equipe de Apoio à Pesquisa da rede paneuropeia GÉANT e palestrante confirmado de TICAL2018 e do 2º Encontro Latinoamericano de e-Ciência. Sobre a mesa, suas expectativas com respeito aos eventos em Cartagena e sua visão sobre o desafio da transformação digital das universidades.

TICAL e o Encontro de e-Ciência abordarão o tema "Transformação Digital das Universidades". Do seu ponto de vista, quais são nossos principais desafios e oportunidades para alcançar esse objetivo?

A partir de minha experiência diária, que é a de conversar com comunidades de usuários de Pesquisa e Educação e grupos de ciência em todo o mundo, vejo uma situação muito polarizada em termos de acesso e exploração dos recursos digitais: por um lado, vemos um pequeno número de colaborações de longa data que têm uma relação bem estabelecida com a comunidade de infraestruturas eletrônicas, tanto em termos de maturidade como em relação ao nível de aceitação do serviço; a comunidade de computação do LHC ou as colaborações científicas de radioastronomia são um bom exemplo disso. Por outro lado, a grande maioria dos usuários tem pouca ou nenhuma interação, a não ser com os serviços básicos - o que às vezes é chamado de "a longa cauda da Ciência". Encurtar essa "cauda longa" é claramente o nosso principal desafio. Devemos estar muito focados em encontrar a linguagem certa para falar com estas comunidades, mas também em explorar novas abordagens, uma vez que está claro que não podemos simplesmente replicar o padrão que funcionou até agora para os altos adotantes, uma vez que essas novas comunidades tem necessidades muito diferentes e maturidade tecnológica.

Um exemplo disso é a interação problemática entre os grupos de usuários e o suporte local às TIC dentro do campus: vimos isso acontecer muitas vezes, em muitos países diferentes, tanto em universidades grandes quanto pequenas. Nossa comunidade está na posição de desempenhar um papel importante no fechamento dessa lacuna; por exemplo, podemos identificar e treinar figuras profissionais como os chamados "facilitadores da ciência" - especialistas em ciência com fortes habilidades de TI, capazes de traduzir as necessidades do usuário em requisitos técnicos para os gerentes de TI.

Qual é o papel de sua área específica para que cheguemos lá? Como você está vivenciando isso em GÉANT e em seu contexto local?

Nossa missão deve ser diminuir a barreira de entrada para os nossos serviços, e isso pode ser feito a partir da operação em ambas as extremidades da cadeia de fornecimento do serviço: envolver-se cada vez mais com essas novas (em termos de acesso ao mundo digital) comunidades para compreender suas necessidades, além de projetar e moldar nossos serviços para melhor atendê-las. Por outro lado, os avanços na tecnologia devem ter como objetivo simplificar o acesso aos serviços existentes, proporcionando uma experiência mais amigável ao usuário. O paradigma SDN, e suas tecnologias associadas, é um bom exemplo dessa segunda abordagem, simplificando e acelerando a implantação de serviços de rede. Outro bom exemplo é a estrutura de identidade federada eduGAIN, que provou ser um fator extraordinário na simplificação do acesso dos usuários aos recursos online.

Em minha equipe, priorizamos o envolvimento com os usuários: para dar alguns exemplos, colaboramos diretamente com o Square Kilometre Array através da nossa contribuição para o Consórcio SADT (cujo objetivo é projetar os elementos de rede do SKA) e com o Projeto ANEAS (que visa projetar o Centro Europeu de Dados Regionais para a ciência do SKA). Somos muito ativos na comunidade GEO, onde colaboramos com a definição de infraestrutura do GEOSS; temos um papel de liderança na comunidade de redes do LHC, sendo ativos e apoiando as infraestruturas do LHCOPN e do LHCONE desde o primeiro dia.

É possível imaginar a Universidade sem TIC hoje?

Na minha opinião, a resposta é um sonoro NÃO. O acesso contínuo ao conhecimento compartilhado é um elemento enriquecedor para qualquer Universidade, especialmente para as menores, que possuem recursos internos limitados, permitindo que qualquer estudante, professor e pesquisador façam uso de qualquer informação, independentemente de sua localização geográfica. Isso ajuda a remover as fronteiras entre as diferentes instituições, possibilitando que mais talentos surjam e que mais descobertas sejam feitas, e não apenas a partir dos ambientes universitários habituais ricos e bem estabelecidos, mas também dos mais novos ou de países em desenvolvimento.

Além disso, o uso generalizado de SaaS e IaaS ajuda as Universidades a obterem mais serviços de valor agregado de forma fácil e barata, direcionando seus recursos (financeiros e humanos) para sua missão principal, minimizando a sobrecarga.

E isso tem sido verdade não somente para o campo de ciências duras, que historicamente foram os primeiros a fazerem isso, mas também para as ciências humanas. O acesso a grandes bases distribuídas de conhecimento, plataformas de colaboração inovadoras, ambientes de pesquisa virtual e plataformas de e-learning são capazes de enriquecer e impulsionar qualquer campo de estudos. Artes e humanidades, por exemplo, têm encontrado novas formas de expressão, graças às modernas infraestruturas de pesquisa e educação: performances de arte compartilhadas, além de ensaios e treinamentos remotos são apenas alguns exemplos.

Quais são as suas expectativas para TICAL2018 e o que podemos esperar da sua apresentação / participação na Conferência?

Eu participei pela primeira vez em TICAL no ano passado, na Costa Rica. Ali tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas da comunidade latinoamericana de pesquisa e educação e começar uma discussão sobre objetivos e estratégias comuns. Espero que em TICAL2018 essas discussões se transformem em ações concretas, especialmente à luz do recém-assinado contrato de BELLA e das incríveis possibilidades que este enorme aumento na capacidade de conexão entre a América Latina e a Europa poderá abrir.

Minha contribuição para o público será compartilhar nossa experiência sobre como, em GÉANT, nos engajamos com as comunidades de usuários para entender seus desafios presentes e futuros, e como a comunidade de redes de pesquisa e educação pode responder a eles.

 

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